segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Alexandra Lucas Coelho


















Como aprendiz de jornalista, calhou-me começar pelo meio mais veloz que existia, a rádio. O meu treino foi a reportagem em directo, a reacção na hora, a antena aberta, rabiscar ao minuto ou falar de improviso. Estive um ano nos primórdios do “Público” como colaboradora diária, mas a década que trabalhei em rádio foi a matriz de um ritmo. De tal modo que, quando voltei ao jornal, dessa feita por 19 anos, tive de me forçar a escrever frases com mais de uma linha, parágrafos com mais de duas frases. Textos tantas vezes arrancados a ferros, emendados até à última, nunca o bastante. Na rádio, o texto transforma-se em voz. Escrever para ser lido pesa muito mais. E para mim nunca voltou a ficar leve, ao contrário, sempre incluindo emendas até à última, nunca as bastantes.

In: Sapo24 
(1 de Dezembro 2017) 



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