quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Rádios crepusculares
















Na tarde do passado dia 7 de Outubro, teve lugar num dos auditórios da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, um interessante debate. No âmbito do Festival Jovens Músicos falou-se, obviamente de Música, mas também se falou de Rádio.
Num debate transmitido em directo pela Antena2, o tema era sobre cruzamentos de cultura na Música, moderado pelo flautista César Vieira.
O músico britânico Stephen Bull, que reparte residência entre Portugal e o norte da Índia, levou para a conversa um conjunto de rádios temáticas existentes na Índia, que transmitem música adequada consoante a hora do dia. Sons enquadrados ao momento do dia, desde o amanhecer até ao anoitecer. São rádios crepusculares. Que ideia fantástica!
Nós aqui, nesta parte do Mundo, tão preocupados com níveis de audiência, públicos alvo, targets etários e demais futilidades, estamos a passar ao lado do que realmente é essencial na Rádio.
Quando se fala num país como a Índia, o que nos vem à cabeça é a ideia da extrema pobreza, a fome e miséria da maior parte da população, as catástrofes ecológicas, cheias, chuvadas sem fim, aluimento de terras que dizimam bairros inteiros, edifícios que se desmoronam, a quezília fronteiriça com o Paquistão, a questão política de Caxemira, as belas actrizes de Bollywood, os Call Centers internacionais e pouco mais. 
Talvez fosse mais útil aprendermos algo sobre certo tipo de Rádio que se faz no norte da Índia, ainda considerado um país de “terceiro mundo”. Apregoa-se que é uma potência mundial em vias de alto desenvolvimento, mas espiritualmente está muito mais à frente que o chamado “Primeiro Mundo”. Pelo menos na Rádio. 



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