quinta-feira, 26 de novembro de 2015

KO!













De que serve fazer-se um importante debate político em primeira-mão na Rádio se três horas depois está a ser transmitido integralmente na TV? Ainda por cima totalmente realizado em ambiente televisivo, exactamente no mesmo local onde já havia sido feito um encontro nas mesmas dimensões e características dias antes, dessa vez em primeira-mão para a Televisão.
Sempre que a Rádio se alia à Televisão para a transmissão simultânea de programas, a Rádio sai a perder.
Um espaço programado que é efectuado totalmente em ambiente televisivo elimina por completo a linguagem própria da Rádio. Expressões como “nesta imagem”, “vejam este gráfico”, “como as imagens demonstram”, “como os senhores telespectadores podem ver”, “para quem nos vê lá em casa”, “peço ao realizador que aproxime a imagem”, “qual é a minha câmara?”, “vamos ver as imagens”, “como se viu neste vídeo”, etc, etc, etc.
Quando no início dos anos 80 sonhava com a possibilidade do mesmo programa de Rádio poder ser transmitido em Televisão e ser publicado em imprensa escrita, não era nada disto que se verifica actualmente.
Há anos a esta parte, sobretudo na última década, temos assistido a tentativas confrangedoras de fazer convergir numa só coisa aquilo que não é, por força da natureza intrínseca, "convergível". São sincronismos díssonos.
Um programa de Rádio, para ser televisionado ou publicado em papel, poderá manter o mesmo nome, o mesmo indicativo, o mesmo lettering, o mesmo som, a mesma música, os mesmos assuntos, as mesmas pessoas, apresentadores e protagonistas. O que nunca pode ou poderá ter é a mesma linguagem. Um programa de Rádio tem os seus códigos próprios, um programa de TV idem, uma publicação impressa em papel idem, uma publicação na Internet idem.
O que é diferente não pode ser igual.
Convergência é uma coisa, complementaridade outra, simultaneidade outra ainda.



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