segunda-feira, 16 de março de 2015

O mais "ouvido"

















De todos os textos publicados ao longo destes 10 anos de «Rádio Crítica», o mais lido, citado, utilizado e procurado de todos é um sobre a Rádio Comercial dos anos 80. E razões para isso não faltam.
Os ouvintes de Rádio que actualmente se encontram na casa dos 40 e 50 anos de idade sabem-no bem. Viveram um período áureo de criatividade e liberdade radiofónica em que a inovação e variedade da oferta aconteceu com uma intensidade e profundidade como nunca mais se verificou em Portugal.
Esses ouvintes sentem-se órfãos da Rádio fervilhante, que estimulava a escuta contínua em todas as horas do dia.
O texto intitulado «A Doce Mania de Rádio» foi publicado no dia 7 de Maio de 2006 e, de lá para cá, algumas informações nele contidas alteraram-se irreversivelmente. Pessoas que morreram, programas que desapareceram, profissionais que se reformaram, números e estatísticas. Muita coisa muda na vida em poucos anos.
Mas há uma coisa que não mudou nada. A saudade dessa Rádio Comercial com programação dupla em FM e OM, com uma programação de autor 24 sobre 24 horas. Algo impensável na radiodifusão em Portugal nos tempos actuais.
A Rádio Comercial, que na passada quinta-feira completou 36 de idade, nada tem a ver com esta primeira Rádio Comercial, fundada em 1979 e dirigida por João David Nunes. Da origem apenas mantém o nome e a morada. Foi privatizada em 1993. Desde então, adoptou dois ou três perfis diferentes. E já não há lá ninguém da equipa fundadora a trabalhar, nem das equipas dos anos 80.

«A Doce Mania de Rádio»

No dia da decisão final sobre a privatização, em que se ficou a saber quem iria adquirir a Rádio Comercial ao Estado (por mais de um milhão de contos!) Pedro Castelo – na altura director da estação –, em declarações à RTP, disse que quem comprou a Rádio Comercial “comprou uma rede nacional de FM-Estéreo com 17 emissores, comprou uma rede nacional de Onda Média com 17 emissores, comprou 170 trabalhadores e, eventualmente, uma grande dor de cabeça.”
E assim foi, estragando-se duas casas: O adquirente CMR-Correio da Manhã Rádio fundiu-se com a Rádio Comercial e, com isso, desapareceu. O CMR tinha ganho a Rede Regional Sul, na legalização em Março de 1989 e era uma bela estação local de Lisboa, inicialmente pirata.
Com a fusão, a Rádio Comercial começou a descaracterizar-se e a degradar-se muito rapidamente, acabando por ter de ser vendida a um consórcio privado. Extinguiu-se a emissão em Onda Média e foi criado o perfil ‘Rádio Rock’. Seguiu-se outra venda, agora à Média Capital, a actual empresa detentora.
Há quase dois anos conseguiu atingir o seu principal (talvez único?) objectivo: o de destronar a RFM da primeira posição nas audiências realizadas pelo barame rádio da Marktest.
















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