domingo, 13 de outubro de 2013

Hoje na TSF






















Entre os noticiários das 23:00 e da meia-noite, será transmitido o compacto da semana das escolhas musicais a cargo do artista plástico Rui Toscano. Foi ele o convidado do espaço «A Playlist» de segunda a sexta-feira, entre as 13:00 e as 14:00. Um dos convidados musicalmente mais enriquecedores que se ouviu neste espaço da Rádio Notícias. 
Escolhas muito fora do habitual, num horário que já foi preenchido com alinhamentos também pouco usuais através de outros convidados. Mas a escolha de temas musicais muito “fora da linha” não é o mais recorrente e, pelas mãos e explicações contextualizadas de Rui Toscano, ficamos a conhecer ou a relembrar pérolas escondidas ou há muito esquecidas. 
Que frescura para os ouvidos!
Eis alguns exemplos: Joe Byrd and The Field Hippies, com a voz de Susan de Lange, no tema “Moonsong: Pelog”, do único álbum desta formação (de 24 elementos) «The American Metaphysical Circus», gravado em 1968 e editado no ano seguinte. Um disco pouco ou nada compreendido à época, mas que se tornou num trabalho de culto;
Pharoah Sanders em “Hum-Allah” (1969); os norte-americanos The Monks no tema “Cuckoo” (1966); The Feelies – “Raised Eyebrows” (1980); Slint – “Washer” (1990); Sly & The Family Stone – “Running Away” (1971); os alemães Kraftwerk no tema “Antenna”, numa integral homenagem à Rádio que é o álbum «Radioactivity» (1975); Mercury Rev há vinte anos, ainda com o vocalista David Baker a interpretar “Girlfren” (“The Hum is Coming From Her”) e, entre muitos outros artistas, os Big Star de Alex Chilton em 1975, no álbum «Third / Sister Lovers» (apenas editado em 1978), num dos momentos mágicos e mais sublimes do último disco da primeira fase da banda norte-americana, no tema “Take Care”: 



Take care not to hurt yourself
Beware of the need for help
You might need too much
And people are such
Take care, please, take care
Some people read idea books
And some people have pretty looks
But if your eyes are wide
And all words aside
Take care, please, take care
This sounds a bit like goodbye
In a way it is I guess
As I leave your side
I've taken the air
Take care, please, take care 

















Algo mais sobre este artista plástico português:

Rui Toscano (Lisboa, 1970) estudou Pintura no Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual (1988-1990), Pintura (1989-1994) e Escultura (1994-1997) na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Paralelamente à sua carreira de artista plástico prosseguiu diversas linhas de actividade na área da música e do video-jamming.
Em 1994, Rui Toscano produziu uma escultura sonora que se viria a revelar determinante no desenvolvimento da sua prática artística nos anos subsequentes. Bricks are Heavy, assim se intitulava, inaugurou uma genealogia de obras em que o artista utiliza o radiogravador simultaneamente como elemento escultórico e como sistema de amplificação sonora. O radiogravador era, já em meados da década de 1990, um objecto obsoleto, em vias de desaparecimento, e isso tornou cada vez mais difícil, mas não impediu, o desenvolvimento deste corpo de trabalhos, como comprovam duas novas esculturas sonoras, uma delas projectada há dez anos.
A referência à cultura rock, e por essa via a uma determinada cultura juvenil que o artista perfilhava, estava muito presente nas duas primeiras dessas peças – também em (...They Say We’re Generation X But I Say We’re Generation Fuck You!), de 1995. Mas o que persiste em todas elas, e que poucos terão notado na década de 1990, é uma muito particular reactivação da linguagem formal característica da escultura minimalista a partir de premissas, atitudes e questões estranhas a essa tradição. Rui Toscano elabora quadros de experiência e de sentido a partir do cruzamento entre formas simples, minimais, e ocorrências sonoras através das quais o real e a representação irrompem. A esta dimensão discursiva alia-se, frequentemente, uma dimensão autor referencial da obra de arte.



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