quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Há boa Rádio em Portugal (III)
















Nenhuns dos programas referidos neste texto fizeram parte da gala anual da SPA – Sociedade Portuguesa de Autores, que desde 2010, atribui prémios de Rádio. Dificilmente virão a fazer parte dos candidatos e muito mais dificilmente algum dia ganharão o prémio que, consoante os casos, seria certamente merecido (mais uns que outros, é verdade).
A esmagadora maioria destes programas de autor não são novos. Alguns têm muitos anos. É de louvar. Mas quase todos já sofreram mudanças de horário de transmissão. O que se lamenta, porque essa pratica recorrente desfideliza os ouvintes. Em quase todos os casos verificados, as mudanças não beneficiaram os programas.
Os actuais dirigentes das estações de Rádio descuram esta regra de ouro, que é a fixação estável de um programa num horário. Mudam-se os horários como quem muda de camisa. A troco de nada. É uma falta de respeito para com os ouvintes. Depois queixam-se que as audiências baixam!
Ainda sobre os melhores da Rádio em 2011, há espaços de animação de continuidade que, não sendo programas de autor, são exemplarmente exercidos por profissionais que merecem também destaque:

A melhor manhã está na Oxigénio, com a condução de emissão de Rui Portulêz.
O melhor final de manhã pertence ao «Fórum TSF».
A melhor tarde da Rádio está a cargo de Pedro Ramos na RADAR.
O melhor final de tarde da Rádio em Portugal é desempenhado por Paulo Rocha na Antena1, de segunda a sexta-feira entre as 17:00 e as 20:00.
A melhor noite da Rádio está a cargo de Joana Bernardo na RADAR, de segunda a sexta-feira entre as 20:00 e as 23:00.
O melhor início de madrugada está nas mãos de Jorge Afonso na Antena1, de segunda a sexta-feira entre as 00:00 e as 02:00.
O melhor final de madrugada/início de manhã a cargo de José Candeias na Antena1 (05:00/07:00).

O ano que passou conheceu mudanças no mundo da Rádio em Portugal. Houve estações a fechar (há todos os anos), mas também apareceram novas. Extinguiram-se as rádios Capital e Europa Lisboa. Surgiram em seu lugar a Rádio Sudoeste TMN e a ressurreição da Rádio Nostalgia.
Também houve um ‘flop’. A anunciada rádio informativa de Emídio Rangel não passou do papel. A frequência da Rádio Europa-Lisboa (antiga RPL-Rádio Paris-Lisboa) seria a casa da segunda estação fundada por Emídio Rangel, depois do caso de sucesso da TSF-Rádio Jornal em 1988. Está provado que não se consegue construir outra rádio noticiosa em Portugal. Todas as tentativas, até agora, falharam.

Terceira de quatro partes de artigo publicado na «Rádio Crítica» no passado dia 31 de Dezembro 2011
Texto integral aqui

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O que eles dizem (78):

A preguiça faz sentar muita gente diante da Internet. E, também, a falta de criatividade e de ambição e a falta desse sentido que sempre nos disse que a história está na rua e que por essa história se deve ir ao fim da rua ou ao fim do mundo, como se diz num dos mais bem sucedidos jingles da TSF. Perdeu-se o sentido de reportagem. E o repórter ou está sentado ou está ao telefone.

[sobre a Internet]
É um extraordinário meio de apoio à rádio, uma fundamental linha de amplificação da rádio, mas também um perigoso elemento de convite à preguiça da rádio.

David Borges
(ex-RDP; ex-TSF)
In: Diário de Notícias
Segunda-feira (13.Fevereiro.2012)




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