quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Mick Karn e Gerry Rafferty R.I.P.











Ontem, por breves minutos, voltou a ouvir-se a voz de David Sylvan na Rádio, a acompanhar as inconfundíveis linhas de viloa baixo de Mick Karn. O propósito não foi o mais feliz, mas era a notícia do dia no mundo da música, apesar de ser um desfecho esperado.
A notícia da doença de Mick Karn foi publicamente divulgada em Junho do ano passado. De pronto o amigo e também co-fundador dos Japan editou exclusivamente online o tema "A Certain Slant of Light".
Mick Karn morreu dia 4 na sua residência no bairro de Chelsea, em Londres. Segundo o comunicado publicado no seu site oficial, Karn encontrava-se rodeado pela família e amigos mais chegados. Tinha 52 anos de idade.

Sem Mick Karn não teria havido Japan e sem eles não teria havido, por exemplo, Duran Duran e muita da estética evidenciada pelo movimento cultural denominado de New Romantic. Muito à frente nas linguagens estéticas que viriam a fazer Lei nos circuitos musicais pop e ambientes nocturnos da movida londrina, a herança e inspiração pioneira dos Japan é incontornável e faz parte da história.
Os ignorantes que disseram que "os Japan nunca venderam nada" descuram a importância do grupo que entre 1979 e 1982 foi presença assídua nos tops britânicos, tendo o tema "Ghosts" atingido a 5ª posição no top de singles. Feito ainda maior tratando-se de uma canção anacrónica anti-hit. Essa fasquia atingida equivale a milhares de exemplares vendidos.
"Os Japan nunca venderam nada"? É conferir os tops em três continentes e principalmente em países como Japão, Holanda e Canadá. Como diz o professor José Hermano Saraiva, a ignorância é muito atrevida!
Sem Mick Karn não teria havido Japan, Dali’s Car ou Rain Tree Crow. Foi considerado um dos melhores baixistas de sempre.

O tema de Mick Karn, do álbum a solo «Dreams of Reason Produce Monsters», na voz de David Sylvian e que passou ontem à tarde na Rádio:

Mick Karn & David Sylvian – "When Love Walks In" (1987)



A vida não é dos vivos e as notícias são dos mortos
No mesmo dia também a notícia da morte do músico escocês Gerry Rafferty, aos 63 anos de idade.
Famoso desde 1978 com o tema de grande sucesso que foi "Baker Street", também se ouviu o autor do álbum «City to City» na Rádio, através do bom tema – injustamente muito esquecido – "The Way It Always Starts" [Banda-Sonora do filme «Local Hero», assinada por Mark Knopfler em 1983].
Tivesse Mick Karn editado novo disco (e editou no ano passado!) ou Gerry Rafferty assinado mais um wonder-hit e não se falaria de nenhum destes músicos na Rádio portuguesa. Mas falou-se deles porque morreram. A questão não está em ter-se falado neles porque partiram. É notícia e deve dar-se. A verdadeira questão é que não se falaria deles noutra circunstância que não essa. E o mesmo com inúmeros outros. Há dias, por exemplo, e pelas mesmas razões, falou-se de Bobby Farrell e voltou-se a ouvir, por um dia, temas dos Boney M. Não é que essas canções Disco Sound de mister ‘Daddy Cool’ estejam a fazer falta aos éteres nacionais, mas se por acaso por alguma outra notícia que não a de morte (uma efeméride, uma reedição ou um espectáculo ao vivo, por exemplo) houvesse “My Baker” ou “Rivers of Babylon” na Rádio, soariam logo as campainhas anti-foleirice, anti-pimbice, anti-pirosice, etc. “Aqui Del Rei que isto não é uma Rádio pimba!”.
As sentenças executórias viriam de todos os quadrantes.












E assim foi com Léo Ferré, Gene Kelly, Ella Fitzgerald, Frank Sinatra, Amália Rodrigues, Carlos Paredes, James Brown, Michael Jackson, etc, etc, etc.
Será assim com qualquer grande nome da música.
Vamos ouvir muitos e bons artistas na Rádio… mas apenas no dia em que morrerem.

O que eles dizem (60)

Um dos mais influentes músicos ao nível do som e da imagem no final dos anos 70 e no início dos anos 80.

John Taylor
Baixista dos Duran Duran

Goodbye Mick Karn, you have been a great influence to so many musicians the world over. You will not be forgotten, you will live on in the music you have left behind and all of the artists who walk in your footsteps. Whenever we hear fretless bass may we think of you. January 4th, a sad day on earth but surely heaven must be rockin' today. R.I.P.

Ingrid Chavez
In: Facebook



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