sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

"Porreiro, pá!"














Mário Figueiredo (Provedor da Rádio pública desde Setembro deste ano, sucedendo no cargo a Adelino Gomes que por sua vez sucedeu José Nuno Martins), no seu mais recente programa «Em Nome do Ouvinte» e retransmitido na Antena2 ao final da passada tarde de Domingo, começa por criticar – muito justamente, diga-se – o mau uso da Língua Portuguesa na Rádio, apoiando-se em declarações a ele enviadas por ouvintes da rádio pública.
O novo provedor do ouvinte da RDP, elogiando – muito justamente, diga-se – o programa «Heróis como Nós» de Madalena Balça na Antena1 [Domingos; 11:00/12:00)], mostrou um excerto da excelência do programa. Nesse mesmo excerto de dez minutos [14 de Novembro], pouco depois do começo, aparece a autora/realizadora/apresentadora a dizer o seguinte:

"Foi há 34 dez anos atrás..."

No melhor pano cai a nódoa num exemplo de um bom programa da Antena1. Um erro de português quase logo no início.
Para quem queria dar um exemplo de excelência...





No dia seguinte, Segunda-Feira dia 29, surge a notícia do corte de estradas e fecho de escolas devido à queda de neve nas Serras do Caramulo, Marão, Montemuro, Estrela e outras localidades do Centro e Norte do país. Referindo-se ao frio nesse dia, a animadora de serviço [numa estação privada] proferiu a seguinte pérola meteorológica:

"... esta tarde as temperaturas transformadas em neve..."

Para além desta, vamos ouvindo todos os dias outras maravilhas climatéricas, como: "Amanhã haverão muitas nuvens no céu a Norte do continente" ou ainda "Neve acima dos (x) metros de altura..."; "Temperaturas frias" (ou quentes); etc.
Os maus-tratos à língua portuguesa percorrem todas as latitudes da Rádio em Portugal. Quer sejam estações nacionais, locais ou regionais, quer sejam públicas ou privadas.
E a culpa não é da Rádio, pois não?
Há actualmente tantas queixas e reservas quanto ao famigerado novel acordo ortográfico, quando os grandes problemas da Língua encontram-se em (maus) exemplos recorrentes e diários como os supra citados.

E amanhã há mais.
"Porreiro, pá!"

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O que eles dizem (58)

O Estado faz o que não deve e gasta o que não pode.
A Rádio pública faz muito mais do que pode e gasta muito menos do que deveria.

Rui Pego
(Director de programas RDP)
In: “A Rádio em Portugal e o Futuro – Conferência Internacional”
07 de Outubro 2010
Universidade Lusófona, Lisboa



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