segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A “demonização” do estado do Tempo















Dia 21 de Dezembro: Solstício de Inverno; O mais pequeno dia solar do ano e a maior noite do calendário no Hemisfério Norte.
Ventos fortes, trovoada, nevoeiro, queda de neve e granizo, chuva, frio, temperaturas baixas e negativas, formação de gelo e geada, cheias, estradas bloqueadas e submersas, inundações e rios transbordantes, etc. A lista de causas e efeitos é vasta.
Volto ao tema já anteriormente tratado aqui na «Rádio Crítica» sobre os adjectivos depreciativos que se reproduzem na Rádio (não só na Rádio) sobre as condições climatéricas.
Atribuir ao tempo o carácter de mau como se o Tempo Meteorológico dispusesse de personalidade ou vontade própria em nos estragar os planos do dia-a-dia é discurso useiro e abuseiro em todos os media. Até no meio mais credível de todos, que é a Rádio. Expressões como “frio de rachar”; “está um frio de bater o dente”, etc. Há dias Portugal teve muitas regiões abaixo dos zero graus – facto que foi notícia em tudo o que é órgão de comunicação social por cá – mas a essa mesma hora estavam -25 graus em Moscovo e -50 em Vladivostok. Afinal o que é Frio? Tanto num caso como no outro, são factos recorrentes em todos os anos. Em Portugal, o "frio nacional" é apresentado como se fosse inédito. Todos os anos acontece isto mesmo e todos os anos a divulgação sensacionalista do “Mau Tempo” (para além de outras enormidades, tais como: “O Sol está quente”; “Muitas nuvens no céu”; dizer que o céu está limpo, quando essa informação é dada durante a noite; dizer “Graus Celsius” ou “Graus Centígrados”, quando isso é ruído para o ouvinte; ou dizer de que lado está o Vento: Bonançoso a soprar de Noroeste, ou sudeste… quando o comum dos mortais mal sabe onde é o Norte e o Sul; etc.).
Um dia de chuva pode ser péssimo para uma ida à praia, mas é óptimo para grande parte da agricultura, assim como um dia quente de Verão pode ser muito bom para ir à praia, mas é péssimo para o agricultor que vai trabalhar na seara. E por ai fora.
Sendo esta uma matéria carregada de subjectividade, não se deveria tomar partido do suposto “bem” ou do suposto “mal” do Tempo que se faz sentir. E é negativo que assim seja, sabendo-se que é grande a confiança que as pessoas fazem no que ouvem na Rádio.
Também é verdade que é a tradição que faz a Lei e não o contrário. Sempre se ouviu o povo dizer “mau tempo”, mas a referência de isenção parte, ou deveria sempre partir, dos órgãos de comunicação social, não de quem ouve, lê ou vê.
O Tempo não é bom nem é mau. É o que é, inimputável, natural e amoral. Se nos é favorável ou não isso já é assunto de outro domínio, de outro patamar de discussão que nenhuma Cimeira de Copenhaga (ou outra) consegue atingir. O clima do planeta não foi feito para nós. Como disse alguém: “O Mundo começou sem o Homem e vai acabar sem ele”.
No meio do natural frio de Inverno, arrepiante mesmo é o que se ouve na Rádio sobre os fenómenos da Natureza.



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