quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

R.I.P.?













Ao longo desta semana tem-se ouvido na Rádio um convidado [sob o pretexto de ser Figura Pública] a escolher música dizendo que Grace Slick, a incrível vocalista dos extintos Jefferson [“White Rabbit”] Airplane, já morreu. "Infelizmente já falecida", citando à letra. É uma ocorrência que sobeja quando se põe a falar pessoas que são conhecidas por outros méritos – daí serem figuras públicas ou com forte exposição pública – mas não por percebem de música (embora haja excepções).
Mas os “assassinatos” em directo, ou em diferido, também já foram subscritos por parte de quem devia perceber do que fala. Profissionais de Rádio, nas funções de animadores e jornalistas. E não por lapso, mas por “certeza” ou “convicção”. A falsa certidão de óbito não vem só na caixa do correio. Também pode vir da Rádio. Difundidas pela coluna do receptor já ouvi decretadas as “mortes” de, por exemplo, Brian Wilson ou Robert Wyatt. Venerandos senhores da música que, apesar de terem tido várias vidas ao longo da vida, ainda gravam discos e dão espectáculos para largas assistências. Sabendo-se que a morte chega a tempo de nos apanhar a todos – até aos ídolos! – mais vivo que eles não se pode estar. Grace Slick que o diga.

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O que eles dizem (42)

O que surgiu primeiro? A música ou o sofrimento?
As pessoas receiam que os miúdos vejam filmes violentos, que venham a ser dominados por uma cultura de violência. Ninguém se rala que os miúdos ouçam literalmente milhares de canções sobre desgostos de amor, rejeições, dor, sofrimento e perda.
Eu ouvia música pop porque me sentia terrivelmente infeliz? Ou sentia-me terrivelmente infeliz porque ouvia pop?


John Cusack
In: «Hi-Fidelity» de Stephan Frears (2000)
Texto original em inglês aqui



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