terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Bossa Nova – 50 Anos 50 Clássicos (49)
















Esta canção representa um dos exemplos mais flagrantes da frescura e permanente actualidade da Bossa Nova. Simples, directa, curta. Dois minutos e doze segundos de magia pura. A arte da simplicidade em todo o seu esplendor. “Astronauta” podia ter sido uma canção gravada hoje. Poderia ser a canção que João Gilberto gravaria amanhã ou depois. Gravou-a há quase quatro décadas, e está no álbum homónimo de João Gilberto de 1970. São as palavras e a voz de João que contam toda a história do “Samba da Pergunta”.

Crónica que deveria estar a passar na Rádio. Não passa na Rádio, mas passa aqui durante cinquenta dias até ao fim do ano. Texto inicialmente escrito para Rádio adaptado para leitura on-line.



ASTRONAUTA (samba da pergunta)
(Pingarrilho & Marcos Vasconcellos)

Ela agora
Mora só no pensamento
Ou então no firmamento
Em tudo o que no céu viaja
Pode ser um astronauta
Ou ainda um Passarinho
Ou virou um pé-de-vento
Pipa de papel de seda
Ou quem sabe um balãozinho
Pode estar num asteróide
Pode ser a estrela-D’alva
Que daqui se olha
Pode estar morando em Marte
Nunca mais se soube dela
Desapareceu


A onda que se ergueu no mar
A versão vocal definitiva de "Wave" não pertence a João Gilberto, mas sim a Nara Leão, a musa da Bossa Nova. A versão instrumental definitiva de "Wave" pertence ao seu criador, Antonio Carlos Jobim. É dos temas da Bossa Nova com maior número de interpretações. Uma das versões vocais mais conhecidas é a de Caetano Veloso. Ao longo dos anos já se tornou impossível quantificar as versões de um dos clássicos máximos da Bossa Nova.
Aqui apreciamos a interpretação ao vivo de João Gilberto em 1980, na histórica actuação do «Mito» no Brasil depois de quase duas décadas a viver em Nova Iorque.



WAVE
(Tom Jobim)

Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho

O resto é mar
É tudo que não sei contar
São coisas lindas que eu tenho para te dar
Vem de mansinho à brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho

Da primeira vez era a cidade
Da segunda o cais e a eternidade

Agora eu já sei
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender

Enquanto a noite vem nos envolver


Isto é Brasil
Voltamos às composições de Ary Barroso para assistirmos a uma muito rara actuação de João Gilberto. Rara porque João está bem disposto em palco, nada incomodado com o ruído da multidão à sua frente. E rara, principalmente, porque mestre João fala e interage afavelmente com o público. As composições de Ary Barroso são recorrentes odes ao seu país e à singulariade da cultura do povo Brasileiro. Um dia diferente para uma plateia apreciadora e devota do «Mito». João Gilberto ao vivo em Águas Claras, no ano de 1983.



ISTO AQUI O QUE É
(Ary Barroso)

Isto aqui ô-ô
É um pouquinho de Brasil, iá-iá
Deste Brasil que canta e é feliz
Feliz, feliz
É também um pouco de uma raça
Que não tem medo de fumaça ai, ai
E não se entrega não
Olha o jeito nas cadeiras que ela sabe dar
Olha só o remelexo que ela sabe dar
Olha o jeito nas cadeiras que ela sabe dar
Olha só o remelexo que ela sabe dar
Morena boa que me faz penar
Põe a sandália de prata
E vem para o samba sambar
Morena boa que me faz penar
Põe a sandália de prata
E vem para o samba sambar



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