segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Bossa Nova – 50 Anos 50 Clássicos (08)











Pode-se considerar a composição "Insensatez" como a número 4 no ranking das mais populares construções da Bossa Nova (depois de “Garota de Ipanema”; “Samba de Uma Nota Só” e “Corcovado”). São incontáveis as versões deste tema, instrumentais ou vocalizadas, quer sejam em Português, quer sejam em inglês. Na língua de Shakespeare ficou baptizada como “How Insensitive”. Uma das versões cantadas mais conceituadas é a de Frank Sinatra, em dueto com Jobim. Das interpretações instrumentais mais bem sucedidas de sempre é a do próprio Jobim, ficando desde então (1961) conhecido como o ‘Gershwin Brasileiro’. Este epíteto – justo e significante – parte da arte musical de Jobim conseguir fazer um cruzamento extremamente eficaz entre as chamadas Baixa e a Alta Cultura. Tal como George Gershwin, António Carlos Jobim era mestre maior no território compreendido entre o Popular e o Erudito. E o mesmo se pode dizer da escrita de Vinicius de Moraes.
Compositores clássicos foram uma influência assumida por Jobim. Entre eles, Chopin. E é da composição do Prelúdio nº4 em Mi menor – Opus 28 de Frédéric Chopin que parte “Insensatez”. Um ponto de partida desde sempre declarado por Jobim. Aliás, são grandes as semelhanças, quanto mais não seja pelo romantismo e serenidade de ambas as peças. Confirmando essa ligação umbilical, não foi por acaso que o músico de Jazz Gerry Mulligan (um dos maiores de todos os tempos) gravou um «Prelúdio nº4» de Chopin com um arranjo totalmente Bossa Nova inspirado por Jobim.
João Gilberto gravou “Insensatez” pela primeira vez no dia 2 de Agosto de 1961.

Crónica que deveria estar a passar na Rádio. Não passa na Rádio, mas passa aqui durante cinquenta dias até ao fim do ano. Texto inicialmente escrito para Rádio adaptado para leitura on-line.

Versão de “Insensatez” de João Gilberto ao vivo em Roma em Agosto de 1983

INSENSATEZ
(Tom Jobim / Vinicius de Moraes)

A insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor
O seu amor
Um amor tão delicado
Ah, porque você foi fraco assim
Assim tão desalmado
Ah, meu coração que nunca amou
Não merece ser amado

Vai meu coração ouve a razão
Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade
Vai, meu coração pede perdão
Perdão apaixonado
Vai porque quem não
Pede perdão
Não é nunca perdoado


E agora, ver aqui uma homenagem da cantora Nara Leão (em 1973) à Bossa Nova, à canção “Insensatez” e a João Gilberto… saudades de João Gilberto.
Saudades também de Nara Leão, uma das vozes femininas mais importantes da Bossa Nova e a maior rival de Elis Regina. Ficou mesmo conhecida por «A Musa da Bossa Nova». No seu apartamento, no Rio de Janeiro, nasceram algumas das maiores interpretações de temas de, e com, artistas da Bossa Nova, como João Gilberto, Roberto Menescal, Carlinhos Lyra ou Roberto Bôscoli. Nara Leão morreu prematuramente em 1989, aos 47 anos de idade.



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