terça-feira, 23 de janeiro de 2007

20 PERGUNTAS/20 RESPOSTAS (II)

Continuam a ser publicados contributos de leitores/ouvintes às 20 questões da «Rádio Crítica».
Recordo que todas as respostas têm de ser assinadas e autorizadas para publicação; o conteúdo integral das mesmas é da exclusiva responsabilidade dos seus autores; não serão publicadas mensagens anónimas.

Paula Cordeiro, do blogue NetFM:

Caro Francisco, gostei particularmente de algumas perguntas que coloca e, embora não me proponha responder a todas, aqui fica uma primeira colaboração.

Ao ler a primeira pergunta, sorri, uma vez que estive, esta tarde, debruçada sobre a problemática que enuncia, reflectindo sobre a nova "coqueluche" dos formatos radiofónicos nos E.U.A.: o adult hits/Jack,/Bob ou o que lhe quiserem chamar. Estou há cerca de três horas a ouvir a Bob FM (99.9) e concluo que corresponde à sua descrição, nesta primeira pergunta.É assumida e comprovadamente um formato de grande sucesso em terras do tio Sam e, quanto a mim, por uma simples razão: as pessoas que gostam de ouvir a "sua" música, encontram aqui algo que nenhum sistema aleatório (shuffle) consegue - a surpresa. Estejamos a ouvir música em CD, no computador ou através de um leitor áudio digital, a surpresa é limitada. Afinal, fomos nós quem seleccionamos a música. Neste formato, são mais de mil músicas, com uma rotação que evita a repetição. O que falta? Palavra. Pessoas. Contudo, são muitos os que ouvem rádio, apenas para escutar música.

Paula Cordeiro
http://netfm.blogspot.com

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Carlos Manuel Leitão:

01. Por que é que não acabam as “rádios” gira-discos vazias de vozes e de conteúdos?
A maioria delas são controladas pela MCR que não vende as frequências, pois tem medo de que o seu império se esfume.

02. Por que é que o programa «Rittornello», da Antena2, deixou de ter duas horas de emissão?
Raramente ouço Antena 2, acho tudo muito cinzento e monocórdico…

03. Por que é que o programa do Provedor da RDP não tem um horário mais favorável?
Para não espantar a audiência.

04. Por que é que o RCP não se assume claramente como sendo uma rádio informativa em vez de generalista?
Ou muito me engano, ou estamos perante um fenómeno tipo Central FM.

05. E o que é uma rádio generalista?
Uma rádio que vai a todas, sem na pratica ir a nenhuma.

06. Por que é que a TSF não fez o programa especial da revista do ano 2006 – com edição em CD – como fez, excelentemente, nos dois anos antecedentes?
A TSF continua a definhar dia após dia.

07. Por que é que a RFM usa o slogan “Só grandes músicas” se a melhor música de todos os tempos é emitida pela Antena2?
Eu alteraria para “Só musicas chatas” ou “Sempre a mesma cassete”.

08. Por que é que as redacções dos media continuam a “dar” impunemente estágios fantasma (não remunerados) a jovens licenciados só para obterem mão-de-obra de borla?
A culpa é de quem aceita, não de quem propõe.

09. Por que é que continuam a existir tantos – demasiados – cursos superiores de Comunicação Social se o mercado está mais que saturado e não há empregos?
Não é só na comunicação social, esse fenómeno é extensível à generalidade dos cursos, que são pouco ou nada adequados ás ofertas de mercado.

10. Por que é que os accionistas/administrações/proprietários dos órgãos de comunicação social não distribuem dividendos aos seus funcionários (chamam-lhes “colaboradores”) se estes contribuíram decisivamente para os lucros obtidos por essas empresas?
Como cantava Zeca : “Eles comem tudo e não deixam nada”.

11. Por que é que não se redefine e clarifica de uma vez por todas a totalidade da chamada Lei da Rádio?
Isso existe em Portugal? Alguém cumpre?

12. Alguém acredita no cumprimento das quotas de música portuguesa nas rádios?
Já nem no pai Natal…

13. Por que é que o jornalista Francisco Sena Santos não regressa à Rádio?
A Rádio actual é pequena demais para o seu talento.

14. Por que é que o narrador desportivo Fernando Emílio não regressa à Rádio?
Não conheço. Não ouço relatos de futebol há anos.

15. Alguém consegue dar credibilidade aos noticiários da Rádio Renascença, nomeadamente quando informa sobre o referendo ao aborto, sabendo-se que a estação católica é assumidamente contra o aborto?
Antes ser do que parecer.

16. Como é possível que uma rádio como a RFM – segundo as sondagens trimestrais da Marktest – seja a mais ouvida em Portugal?
Há 20 anos atrás quando o canal foi criado seria inimaginável que o “Outro canal da RR” se tornasse na “nº1 do ouvinte”.

17. E como é possível que a Rádio Renascença – segundo as sondagens trimestrais da Marktest – seja a segunda mais ouvida neste país?
Há uma década atrás quem dissesse que a Rádio do António Mala seria ultrapassada pela sua irmã mais nova, seria enviado para o manicómio.

18. Por que é que nos órgãos de comunicação social (incluindo a Rádio) se vive com um sistema interno, uma espécie de Apartheid, em que alguns dos que lá trabalham – façam o mal que fizerem – são sempre tratados com as mãos, e outros – façam o bem que fizerem – são sempre tratados com os pés?
Isso reflecte-se no tratamento que têm dado aos melómanos da Rádio: convidam-nos a desligar o Rádio.

19. Por que é que na rádio (não só na rádio) se ouve muitas vezes, por exemplo, isto: “Amanhã, previsão de nuvens a norte (…) e céu limpo a sul”. É linguagem habitual nas previsões meteorológicas para Portugal continental. Ora, a norte de Portugal continental está Espanha (Galiza); Golfo da Biscaia; Irlanda; parte da Escócia; Ilhas Faroé; Mar do Norte; Oceano Glaciar Árctico e o Pólo Norte. A previsão refere-se a qual destas regiões do planeta a norte de Portugal? A sul fica Marrocos e restante costa ocidental africana (hemisfério norte); Ilhas Ascensão, Santa Helena e Tristão da Cunha; Oceano Glaciar Antárctico e o Pólo Sul. A previsão do estado do tempo que se ouve na rádio refere-se a qual destas regiões do planeta a sul de Portugal?
Na Rádio actual tudo é uma cassete, desde a música, tempo e informações de trânsito.

20. Alguém responde? Porque é que ninguém responde?
Caro Francisco Mateus, aqui está o meu modesto contributo sobre as enigmáticas questões que colocou acerca do estado actual da Rádio. Saudações Radiofónicas.
Carlos Manuel Leitão.



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