quarta-feira, 30 de novembro de 2005

For Heidi


















O blogue "Queridos Anos 80" http://www.dear80s.blogspot.com/ mostrou, mais uma vez, que realmente dava um grande programa de rádio...e anda lá perto. Digamos que é um blogue radiofónico. Tem uma aplicação sonora RADIO.BLOG (no canto superior direito) com uma mini selecção de quatro temas da década de oitenta, e logo abaixo, uma aplicação visual com um teledisco referente à mesma década. O melhoramento do blogue estende-se ainda à abertura de uma forma mais assumida aos tais outros anos 80, menos visíveis, mais alternativos mas (na minha opinião) mais frescos, mais belos. Lá estão os interessantíssimos This Mortal Coil, a referência aos 25 anos da editora independente britânica 4AD e um assombroso teledisco do clássico "Song To The Siren" de Tim Buckley na versão (melhor?) de Elizabeth Frazer e Robin Gutrie (Cocteau Twins) no primeiro dos três álbuns do projecto T.M.C. Continuo a dizer: este blogue dava um grande programa de rádio! 

Parabéns, Tarzan Boy
(e atenção: há uma “coisa” chamada Podcasting!) 

Já agora: nenhuma rádio portuguesa se dedicou ao 25º aniversário da editora independente mais importante e mais inovadora dos anos oitenta. Mas muitos programas de rádio não seriam o que foram sem os discos desta editora e alguns nunca teriam existido. Rádio ingrata! 

Conheci as edições da 4AD ouvindo rádio, em programas como "O Último Metro" de Nuno Infante do Carmo (RR-FM/RFM), "Íntima Fracção" de Francisco Amaral (RDP-Antena1/TSF), "Morrison Hotel" de Rui Morrison (Rádio Comercial); "Faces ocultas" (vários autores/CMR-Correio da Manhã Rádio), "A Ilha Dos Encantos" de Amílcar Fidelis (RFM), "Circuito Fechado" de José Mariño (CMR-Correio da Manhã Rádio), "Som Da Frente" de António Sérgio (Rádio Comercial), "Suave Encanto" de Ana Luz (RGT-Rádio Geste), "Sete Mares" de Sílvia Alves (RDP-Antena1), "Os Silêncios de Ouro" (CMR-Correio da Manhã Rádio). São alguns (bons) exemplos que agora recordo.
Hoje em dia através da rádio portuguesa, à parte das excepções do costume, não é possível fazer-se descobertas a este nível, com este nível e com esta abundância. As pessoas com sede do novo, ouvintes de rádio, amantes de música e profissionais de rádio, têm de fazer toda a pesquisa e descobertas fora da rádio (Internet; Podcast; publicações, outros media, etc.).
Repito: Rádio Ingrata! 
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O que eles dizem (4)

O ano está já na recta final. Ao longo de 2005, lá se foi falando de Rádio, embora não seja um tema muito presente nos media nacionais. Até ao dia 31 de Dezembro aqui estarão alguns fragmentos publicados em jornais, suplementos, revistas e blogues. Algumas das frases/textos vindos a público roçam o cómico ou o ridículo, outros são francamente confrangedores, e outros ainda - poucos - dão que pensar...
Seguem-se algumas dessas referências ao meio rádio. Com comentários (ou com a falta deles):


"-INFORMAÇÃO DE TRÂNSITO. Costumava ser útil, hoje não serve para nada. Já ninguém evita uma fila por causa das informações da rádio - quando muito percebe o que a provocou no momento em que já não pode fugir-lhe. É o show business, é o show business... "

Joel Neto
in Grande Reportagem / 22. Outubro. 2005

COMENTÁRIOS: totalmente de acordo!!!

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"Música & Rádio

Muita gente se interroga, nos dias de hoje, sobre as nossas rádios actuais.
Será que os locutores realmente gostam das músicas que passam?
Será que aguentam ouvir todos os dias as mesmas músicas?
Será que não há rádios que passem música diferente?
As respostas não são nada entusiasmadoras. Praticamente não há rádios já, que deixem de lado a "playlist"!

Mas o que é uma "playlist"?

A playlist é uma listagem automática de músicas. O locutor não tem qualquer intervenção em quais as músicas que vão passar durante o seu programa, nem tem que se chatear com a mesa de mistura, podendo a rádio assim delinear melhor o género musical atingindo determinado público alvo! ok.. esta é a versão bonita da coisa, não acham? e no mundo real, o que é uma playlist? Na prática a playlist tem a mesma definição, mas é manipulada por entidades interessadas externas à rádio, que têm interesses directamente ligados à venda da música, e que obrigam as rádio a passar artistas/temas que lhes tornem a actividade mais lucrativa. Assim, as pessoas são impingidas com a música que "está a dar", que está na moda, que está nos TOP´s. E está mesmo? Não propriamente. A questão é que, pelo menos cá em Portugal, não há nem nunca houve controlo sobre o número de álbuns vendidos. É uma ilusão! Os TOP´s são baseados no número de “discos” produzidos. Ou seja, qualquer um de nós, se tivermos a disponibilidade financeira para fazer um álbum, e produzir 20.000 cópias, imediatamente temos um disco de platina nos TOP´s. A partir daí, vem o marketing para fechar o ciclo. E acreditem.... a ideia que aquela música é o que está a dar (que está na moda), realmente vende.... o marketing resulta na maioria das vezes. Há excepções! Basta lembrarmo-nos das recentes Girls Bands, que em alguns casos até vieram para a televisão acusar as editoras de terem sido "usadas". Realmente, e apesar dos seus álbuns terem estado semanas a fio nos TOP´s, o projecto resultou num grande prejuízo para todos os intervenientes. E é com esta música, "que se quer vender a todo custo" que gramamos nas rádios, nas playlists! Há algumas rádios locais que fogem a este conceito! Mas no actual país que temos, ninguém investe numa rádio nova, criativa, que fuja a este conceito habitual de rádio que temos. Assim, grandiosos projectos, como o da XFM e da VOXX, acabaram por falir, devido à falta de apoios. Mesmo quando existiam, usualmente os equipamentos que usavam não eram dos melhores, repercutindo-se na qualidade de som transmitida. Actualmente, no Porto, ficamos sem rádios que fujam a este esquema, visto o encerramento da VOXX. Em Lisboa, temos ainda a RADAR, apesar de já não me deslocar a Lisboa há algum tempo, costumava passar música diferente, alternativa, com diversidade de programa de música por autor. Assim, vivemos num regime de ditadura musical onde não temos opções. Somos obrigados a ouvir aquilo que querem que a gente ouça! Sem esperanças de mudança para breve, remeto-me aos meus CD's, às amizades de onde por vezes se faz a melhor propaganda musical e aos programas de informação, esses sim, muitas vezes de qualidade em algumas estações de rádio!"

posted by BlogMaster
in http://www.ex-sitacoes.blogspot.com
( http://www.ex-sitacoes.blogspot.com/2005/10/msica-rdio.html )
Quarta-feira, Outubro 12, 2005


coments:
At 12 Outubro, 2005 14:25, CARMO said...(…)
Tens toda a razão... é uma vergonha, uma tristeza... é assim que se vê como são fracos os líderes de empresas que tanto impacto na sociedade têm e que empregam tanta gente. Em vez de divulgar o que de bom se produz, impingem aquilo que nem de borla alguém queria se conhecesse o resto. Em vez de educar o nosso ouvido, metem-nos à força música sem qualidade pelos ouvidos dentro. Se todos fossem como eu, as rádios não tinham um único ouvinte, excepção feita à Antena2, e a alguns programas da Antena3 e da Rádio Nova.

(…)

At 13 Outubro, 2005 10:15, MT/JC said...
Muito Bom post!! A Ditadura Musical felizmente não faz o meu género!! Ouço o que me apetece e sempre "open" a "new sounds" mesmo que chamados alternativos, mas que no fundo deveriam ser intitulados como "boa música"!! Abaixo com as play-list's que hoje em dia são obrigatórias nas rádios!! e já agora mais música e menos publicidade!!! 

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